Em 2020, pós-pandemia, mergulhei em gastos que me levaram a um labirinto de dívidas de cartão de crédito e empréstimos. Compartilho minha jornada de um ano, desde o fundo do poço financeiro até a conquista da tão sonhada liberdade. Uma história de decisões difíceis, planejamento e a determinação de recomeçar.
Em meio ao turbilhão pós-pandemia de 2020, me vi em uma espiral de gastos que, sem que eu percebesse totalmente, me levou a um emaranhado de dívidas. Buscando alívio em compras e restaurantes, e lidando com desafios pessoais, acabei negligenciando o controle financeiro. O resultado? Três cartões de crédito com limites generosos (R$ 25.000, R$ 15.000 e R$ 5.000) que se tornaram a porta de entrada para um ciclo vicioso.
Sem dinheiro em conta, recorria aos cartões para tudo. Logo, as faturas se tornaram impagáveis. A solução que encontrei na época, parcelar a fatura do cartão de maior limite, transformou uma dívida já considerável em algo ainda maior e mais duradouro. O mesmo aconteceu com o cartão de menor limite. Em um momento de desespero, cometi o erro clássico: pegar empréstimo para pagar dívidas. A princípio, parecia uma solução, mas sem mudar minha mentalidade, o dinheiro do empréstimo escorreu pelos dedos, sem resolver o problema central.
A situação chegou a um ponto crítico, gerando ansiedade e culminando com meu nome negativado pela primeira vez. Naquele momento, assistindo a vídeos online (como a do Primo Pobre, por exemplo), buscando desesperadamente uma saída, senti exatamente a angústia que talvez você esteja sentindo agora. Mas acredite, assim como houve luz no fim do túnel para mim, pode haver para você também.
O primeiro passo crucial foi buscar ajuda psicológica. Foram meses de terapia, me ajudando a entender as raízes da minha compulsão por gastos. Paralelamente, inspirado por um vídeo sobre mudança de vida em um ano do Eduardo Feldberg (Primo Pobre), decidi criar um planejamento financeiro detalhado. Analisei cada gasto, cada dívida, e a realidade era clara: os maiores vilões eram o empréstimo e o cartão de crédito.
Adotei a estratégia da "Bola de Neve", focando em quitar uma dívida por vez, começando pela maior, que naquele momento era o cartão de crédito com juros astronômicos. A mágica? Nenhum truque, apenas corte de gastos radical. Conversei com minha esposa, que compreendeu a urgência da situação, e juntos eliminamos idas a aniversários, festas, casamentos, shoppings e viagens. O ano de 2023 se tornou o ano da quitação.
A receita para sair do vermelho envolveu renda extra (vendendo itens de casa e trabalhando com marketing online), horas extras no trabalho e uma disciplina férrea: cada real que entrava era direcionado para abater as dívidas. Reduzimos gastos com internet, streaming e até a conta de luz.
A sensação de quitar o cartão de crédito foi um alívio imenso, um incentivo para focar na próxima meta: o empréstimo. Usei o dinheiro das minhas férias para dar um golpe significativo na dívida. No final de 2023, restava apenas um empréstimo menor, que estava sendo descontado diretamente do meu contracheque.
A decisão mais drástica, mas libertadora, veio ao final: vendi meu carro. Aquele bem, naquele momento, representava uma barreira para minha liberdade financeira, era ele (o carro) ou eu. Com o dinheiro da venda, negociei com o banco e quitei o último grande empréstimo. Em dezembro de 2023, a vitória era completa: estava livre de todas as dívidas!
A sensação de liberdade foi indescritível. O primeiro passo após a quitação foi construir minha reserva de emergência, algo que sempre preguei. Ver o dinheiro guardado, pronto para imprevistos, trouxe uma paz enorme.
Hoje, vivo sem cartões de crédito. Se quero comprar algo, junto o dinheiro. Se não tenho, não compro. A lição que aprendi a duras penas é que a prioridade deve ser quitar as dívidas, por mais desafiador que pareça. Quem ganha pouco precisará de ainda mais esforço, mas a recompensa de se livrar desse peso é imensurável.
Se eu consegui, você também consegue. Acredite, se organize e priorize sua liberdade financeira.
Em retrospectiva, minha jornada para quitar as dívidas em um ano foi uma prova de que, com planejamento, disciplina e a coragem de tomar decisões difíceis, a liberdade financeira é alcançável. A venda do carro, um bem que antes me dava prazer, tornou-se um símbolo da minha determinação em priorizar um futuro financeiro mais leve. Hoje, livre das amarras das dívidas, priorizo a construção da minha reserva de emergência e vivo de forma mais consciente com o meu dinheiro. Se a minha história pode inspirar você, lembre-se: o primeiro passo para sair do vermelho é a decisão de mudar. Qual será o seu?