A semana 45 foi de euforia para o mercado brasileiro, com o Ibovespa batendo o 10º recorde consecutivo e ultrapassando a marca de 154.000 pontos. Essa alta, impulsionada por um cenário que os investidores veem como barato, contrasta com a instabilidade política e fiscal do Brasil e a deterioração do cenário global, especialmente nos EUA.
Estados Unidos: O shutdown (paralisação do governo) tornou-se o mais longo da história (passando de 35 dias), causando graves consequências na economia real, como a suspensão de benefícios sociais, atrasos em voos e demissões de servidores.
O setor privado criou 42.000 empregos, um número que se manteve na expectativa, o que é visto como positivo, pois não pressiona o Fed a subir os juros. A tendência é que o ciclo de queda de juros continue, o que beneficia os ativos de risco.
Apesar do bom humor no Brasil, o mercado acionário americano fechou a semana com sinais mistos/em queda devido à preocupação com o shutdown e a possibilidade de uma correção no setor de tecnologia.
Geopolítica: O novo prefeito de Nova York, classificado como comunista, promete medidas como congelamento de aluguéis e maior controle sobre a polícia, gerando preocupações sobre os impactos nos investimentos e na política americana.
Europa: A produção industrial na Zona do Euro segue estagnada. O Reino Unido manteve a taxa de juros em 4% e estuda aumentar impostos sobre os mais ricos, uma medida criticada por especialistas, que preveem fuga de capital e mais estagnação.
Ásia: O crescimento do setor de serviços na China atingiu o nível mais baixo em três meses, e as exportações continuam a contrair. O país busca ativamente um acordo de livre comércio com a União Europeia, explorando a vantagem competitiva (mão de obra e energia mais baratas) sobre a Europa.
Ouro e Petróleo: O ouro subiu, reagindo aos dados fracos do mercado de trabalho dos EUA (que sinalizam corte de juros) e mantendo um ganho de quase 50% em um ano. O petróleo subiu levemente, negociando na faixa de US$ 63-64 o barril.
Cenário Político-Econômico: O Ibovespa superou os 154.000 pontos, marcando o 10º recorde consecutivo, a série mais longa em 28 anos. A alta é impulsionada pelo fato de a bolsa ainda ser vista como "extremamente barata" em relação ao lucro e pela entrada de capital estrangeiro.
A popularidade do presidente Lula caiu após sua defesa aos grupos envolvidos em confrontos no Rio de Janeiro, um sinal de que o ânimo do mercado pode se beneficiar de uma oposição mais forte.
A economia real apresenta sinais de fraqueza, com o faturamento real da indústria caindo 1,3% e um número crescente de CNPJs pedindo recuperação judicial, sugerindo que o crescimento pode ser artificial, sustentado por gastos públicos elevados.
Selic e Inflação: A Selic foi mantida em 15%, o maior nível em 20 anos e a segunda maior taxa de juro real do mundo, o que trava o crescimento da economia, mas garante a rentabilidade da renda fixa. O COPOM sinalizou que a taxa deve permanecer alta por um período prolongado.
Bolsa de Valores (IBOVESPA): A XP projeta o Ibovespa a 170.000 pontos, refletindo o otimismo após o rally. O índice é negociado a um múltiplo preço/lucro ainda historicamente baixo.
Câmbio e Dólar: O dólar recuou para R$ 5,33, mantendo o patamar atrativo para a dolarização de patrimônio.
Cenário Político-Econômico: O presidente Milei prometeu manter o controle cambial e busca ativamente investimentos externos (como o projeto portuário de US$ 300 milhões) para impulsionar o agronegócio e tirar o país da crise. Sua aprovação popular continua baixa (55,7% de desaprovação), mostrando o desafio de reverter o assistencialismo populista.
Notícias Relevantes: O Bitcoin demonstrou resiliência, se manteve morno após uma queda forte na semana anterior e manteve-se na faixa de US$ 103.000 - 104.000, apesar de uma queda na semana. O ativo acumula um ganho de mais de 10% no ano.
A próxima semana será dominada pela cautela devido à instabilidade global, especialmente o shutdown nos EUA, que pode puxar os mercados para baixo. A recomendação é para o investidor manter a diversificação e a consistência nos aportes (estratégia Missão Dividendos), aproveitando o momento de alta da bolsa. O mercado estará de olho em como o governo Lula reagirá à queda de popularidade nas pesquisas. O importante agora é manter o foco no longo prazo e diversificar a carteira entre ações, fundos imobiliários, renda fixa, criptos e investimentos no exterior.