A semana 40 do mercado financeiro foi marcada por um cenário paradoxal: enquanto a economia real apresenta sinais de lentidão e instabilidade global, os investimentos continuaram a atingir máximas históricas. Esse descolamento, com bolsas em alta, dólar em queda e criptoativos bombando, sugere que o capital está fluindo intensamente em busca de rentabilidade.
Estados Unidos: A paralisação orçamentária (shutdown) impediu a divulgação de dados importantes como o payroll, gerando incerteza no mercado. No entanto, o Wall Street renovou máximas, com o Dow Jones, Nasdaq e S&P 500 subindo, ignorando o impasse político. A confiança dos consumidores caiu e cortes de empregos foram registrados, o que, ironicamente, pode auxiliar o Federal Reserve (Fed) a considerar futuros cortes de juros. No campo geopolítico, o presidente Trump deu um ultimato ao Irã para libertação de reféns, além de declarar guerra aos cartéis de tráfico de drogas.
Europa: Os preços ao consumidor subiram levemente (2,2%) na Zona do Euro, mantendo a inflação contida. Contudo, as vendas no varejo caíram na Alemanha, e a produção industrial recuou na França. A taxa de desemprego se manteve em patamares baixos (cerca de 6%) em muitos países, gerando a dúvida sobre a necessidade de manter auxílios sociais. As bolsas europeias fecharam em alta, impulsionadas por setores como bancos e saúde.
Ásia: A atividade industrial da China encolheu pelo sexto mês consecutivo em setembro, sinalizando dificuldades na economia. Por outro lado, o turismo interno e a produção de carros apresentaram bom desempenho. A China retomou voos diretos para a Índia, indicando uma possível reaproximação entre as nações.
Ouro e Petróleo: O ouro atingiu um novo recorde, chegando perto de US$ 4.000, marcando a sétima semana consecutiva de alta, um reflexo do medo global gerado por crises e pela expectativa de queda de juros nos EUA. Nos últimos cinco anos, o ouro valorizou mais de 100% em dólar. O petróleo subiu levemente, mas se manteve na faixa de US$ 64-65 o barril. A política de produção dos países árabes visa impedir que o preço suba demais, o que incentivaria a produção do Shale Gas americano.
Cenário Político-Econômico: O IGP-M subiu acima do esperado, mas o mercado não demonstrou grande preocupação. A geração de empregos teve o pior mês de agosto da série, apesar de a taxa de desemprego se manter em 5,6%, uma mínima histórica. A dívida pública e a dívida bruta continuam a subir, o que é alarmante devido ao alto custo dos juros (Selic). O Congresso aprovou a ampliação da isenção do Imposto de Renda para até R$ 5.000, vista como uma vitória política para o governo.
Selic e Inflação: O Banco Central mantém a Selic, indicando que o alto custo do dinheiro continuará a travar a economia. O Brasil possui a segunda maior taxa de juros real do mundo.
Bolsa de Valores (IBOVESPA): O Ibovespa manteve um nível excelente, fechando em 144.000 pontos, e acumula uma alta de 21% em nove meses, a maior desde 2017.
Câmbio e Dólar: O dólar caiu para R$ 5,33, refletindo o enfraquecimento da moeda americana no mundo e o fluxo de capital para o Brasil.
Cenário Político-Econômico: A Bolsa Argentina registrou o pior desempenho do mundo em 2025, marcando um cenário preocupante. O presidente Milei sofreu um novo revés no Congresso, dificultando a aprovação de sua agenda de reformas. O Fundo Monetário Internacional (FMI) e os Estados Unidos manifestaram apoio financeiro à Argentina.
Notícias Relevantes: O Bitcoin disparou com o shutdown nos EUA, atingindo um novo recorde histórico, com valores entre US$ 122.000 e US$ 123.000. As altcoins também tiveram alta significativa. E neste momento que eu escrevo esse artigo, o Bitcoin acaba de romper 125.700 dólares, com expectativa de novos cortes de juros pelo Fed.
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A perspectiva é de que a volatilidade persista, com os mercados atentos aos desdobramentos do shutdown nos EUA e a quaisquer novos indicadores econômicos. O cenário de investimentos bombando deve continuar, impulsionado pelo excesso de liquidez e pela busca por ativos de risco. A recomendação para investidores é manter a cautela e a consistência nos aportes mensais, evitando que o clima de incerteza paralise as decisões de investimento.