A semana 42 no mercado financeiro foi marcada por uma intensa preocupação global com a instabilidade geopolítica e financeira, mas os ativos de risco, como o Ibovespa e as bolsas americanas, demonstraram resiliência. O foco dos analistas está no aumento dos riscos sistêmicos, desde a guerra comercial EUA-China até problemas em bancos regionais americanos.
Estados Unidos: O shutdown (paralisação do governo) continuou a impactar a economia, com estimativas de perdas de US$ 15 bilhões por dia e demissões em massa. O presidente Trump chegou a mencionar a demissão de mais de 4.000 pessoas. Paralelamente, o mercado foi abalado pelo temor de uma crise de crédito em bancos regionais, após um banco registrar prejuízo por fraude e empréstimos. O CEO do JP Morgan, Jamie Dimon, alertou para a existência de problemas em outras instituições (usando o termo "baratas" para indicar que há mais a ser descoberto). O mercado imobiliário (hipotecas) enfraqueceu, e o VIX (índice do medo) disparou, refletindo a crescente preocupação dos investidores. A guerra comercial com a China segue tensa, com o Trump confirmando um possível encontro com o presidente Xi Jinping para tentar resolver a situação.
Europa: A produção industrial da Alemanha caiu para o menor nível em 20 anos, um sinal da grave crise no setor industrial. A Zona do Euro viu a produção industrial cair 1,2% e a inflação subir para 2,2% (com a Espanha atingindo 3%). A crise política na França se manteve, com o primeiro-ministro renunciando e sendo reconduzido ao cargo, em meio a debates sobre a suspensão da reforma da previdência. Apesar da fragilidade econômica, as ações francesas atingiram a máxima em sete meses.
Ásia: A China culpou os EUA pelo pânico nas terras raras, continuando a disputa por controle desses recursos vitais. O governo chinês planeja aumentar o apoio financeiro ao consumo e o Banco Central está tentando reaquecer a economia, que ainda apresenta crescimento abaixo do esperado em empréstimos e exportações.
Ouro e Petróleo: O ouro ultrapassou US$ 4.000, renovando as máximas históricas e reforçando seu papel como principal ativo de proteção. O petróleo caiu para o menor nível desde maio (próximo de US$ 62 o barril), impulsionado por um possível acordo de cessar-fogo entre a Rússia e a Ucrânia. Essa queda, se mantida, pode ajudar a reduzir a inflação globalmente.
Cenário Político-Econômico: O Ibovespa resistiu à turbulência global, mantendo-se em 143.000 pontos. O dólar recuou para R$ 5,40. O setor de serviços avançou e a prévia do PIB subiu menos que o esperado. O governo Lula anunciou um programa de crédito de R$ 40 bilhões para reforma de casas, visando movimentar a economia e ganhar apoio para as próximas eleições. A Crise dos Correios se aprofundou, com a estatal precisando de uma garantia do Tesouro de R$ 20 bilhões para cobrir prejuízos e despesas, sendo um exemplo dos problemas nas estatais.
Selic e Inflação: A queda do petróleo no cenário internacional é vista como um fator positivo para a inflação no Brasil, especialmente no preço dos combustíveis.
Bolsa de Valores (IBOVESPA): O índice demonstrou estabilidade ao se manter acima dos 140.000 pontos, apesar das tensões externas.
Câmbio e Dólar: O dólar em R$ 5,40 é visto como uma oportunidade para investidores que desejam dolarizar seu patrimônio.
Cenário Político-Econômico: A inflação caiu para 2,1% no mês e 31,8% em 12 meses, um resultado positivo no contexto argentino. O apoio do presidente Trump a Milei foi condicionado aos resultados das próximas eleições legislativas, mantendo a pressão sobre o governo.
Notícias Relevantes: O Bitcoin acelerou sua queda, sendo negociado na faixa de US$ 105.000 a US$ 110.000, após o flash crash da semana anterior. A recomendação é evitar a alavancagem devido à alta volatilidade.
A próxima semana será crucial para avaliar a resposta dos mercados aos riscos globais. Os investidores estarão atentos aos desenvolvimentos do shutdown nos EUA e a quaisquer sinais de que a crise de crédito regional possa se espalhar. No Brasil, o foco continua no equilíbrio entre os gastos públicos e a estabilidade da bolsa. A recomendação geral é para que os investidores mantenham a diversificação, invistam com consistência e evitem tomar decisões baseadas em pânico, utilizando o momento atual para se preparar para uma possível crise.