A semana 47 de 2025 foi marcada por um cenário de alívio moderado nos mercados globais, sustentado por expectativas de continuidade no ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos e melhora nas projeções de inflação no Brasil. No cenário internacional, o otimismo com tecnologia e inteligência artificial impulsionou bolsas na Europa, enquanto a Ásia manteve tom misto devido à persistente fraqueza na China. O ouro permaneceu em patamares elevados como proteção contra incertezas, e o petróleo seguiu pressionado por excesso de oferta.
No Brasil, as atenções voltaram-se para a dinâmica fiscal, com o mercado ajustando expectativas para a Selic e inflação, enquanto o Ibovespa registrou semanas consecutivas de recuperação. O dólar mostrou estabilidade relativa, refletindo prêmio de risco ainda elevado mas sem novos choques. Na Argentina, o ambiente econômico segue desafiador, com inflação alta e dependência de acordos externos. No universo dos criptoativos, a volatilidade dominou o cenário, com Bitcoin recuando cerca de 10% após meses de alta, mas com sinais de retomada de fluxo em ETFs ao final da semana.
Estados Unidos: O foco do mercado norte-americano permanece nas decisões do Federal Reserve e na trajetória da taxa de juros. Com dados de inflação mostrando desaceleração gradual, parte dos investidores precifica novos cortes ao longo de 2026 e 2027, o que tem sustentado o apetite por risco e apoiado os índices de ações. A economia segue resiliente, mas sinais de moderação no crescimento reforçam a narrativa de política monetária mais acomodatícia à frente.
Europa: Os principais índices europeus caminham para uma das melhores sequências em meses, impulsionados pelo otimismo em torno de avanços em tecnologia e inteligência artificial. No entanto, os dados de atividade econômica continuam fracos em várias economias da região, especialmente na Alemanha e França. Esse cenário reforça as expectativas de que o Banco Central Europeu manterá uma postura dovish, com possibilidade de novos cortes de juros caso a inflação continue em trajetória descendente.
Ásia (com destaque para China): Os mercados asiáticos apresentam desempenho heterogêneo. Enquanto algumas praças acompanham o otimismo global em tecnologia, a fraqueza persistente do crescimento chinês limita o potencial de alta mais expressiva. A China enfrenta desafios estruturais no setor imobiliário e confiança do consumidor, com as autoridades adotando estímulos pontuais, mas ainda insuficientes para reverter a percepção negativa sobre a recuperação econômica de médio prazo.
Ouro: O ouro mantém-se em patamar elevado, beneficiado pela perspectiva de juros mais baixos nos Estados Unidos e por sua função tradicional de proteção em momentos de incerteza geopolítica. Com a desvalorização do dólar em alguns momentos da semana e a busca por ativos de refúgio, o metal precioso segue atraindo demanda de investidores institucionais e bancos centrais.
Petróleo: O petróleo opera em zona de estabilidade ou leve pressão baixista, reflexo de oferta confortável e projeções de crescimento global mais moderadas. Apesar de tensões pontuais no Oriente Médio, o mercado tem demonstrado resiliência de produção, limitando movimentos bruscos de alta. As expectativas para 2025 seguem de preços controlados, sem grandes saltos.
Cenário político-econômico
O debate doméstico continua centrado em três pilares: crescimento econômico abaixo do potencial, juros elevados e necessidade urgente de avanço em reformas fiscais. O ambiente externo mais favorável, com melhora no apetite por risco global, tem ajudado a reduzir parte do estresse sobre ativos brasileiros. No entanto, o risco fiscal segue como principal preocupação, com o mercado cobrando maior disciplina e transparência na condução das contas públicas.
Selic e inflação
As projeções do Boletim Focus indicam IPCA de 2025 girando em torno de 4,45% a 4,46%, levemente abaixo do teto da meta de 4,50%, mas ainda acima do centro de 3,00%. A Selic deve encerrar 2025 em patamar elevado, próximo de 15% ao ano, com cortes mais consistentes projetados apenas para 2026, quando a inflação deverá convergir de forma mais clara para a meta. A postura do Banco Central segue cautelosa, com foco em ancoragem de expectativas e controle de pressões inflacionárias.
Bolsa de Valores (Ibovespa)
O Ibovespa registrou semanas consecutivas de recuperação, sustentado por fluxo de investidores para renda variável em ambiente de estabilização dos juros futuros. Revisões positivas de lucros em setores como commodities, bancos e varejo também contribuem para a manutenção da trajetória de alta. O índice tem se aproximado de máximas históricas, mas a volatilidade permanece elevada, com investidores atentos a notícias fiscais e indicadores de atividade.
Câmbio e dólar
O câmbio apresenta relativa estabilidade, com o dólar projetado para encerrar 2025 próximo de R$ 5,40. A partir de 2026, as expectativas giram em torno de R$ 5,50, refletindo prêmio de risco ainda elevado devido às incertezas fiscais e políticas domésticas. Apesar disso, não há no radar novos choques cambiais no curto prazo, com a moeda americana mantendo-se em zona de equilíbrio técnico.
Cenário político-econômico
A Argentina segue enfrentando desafios econômicos severos, com inflação em patamares muito elevados, atividade econômica fraca e forte dependência de acordos com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e outros organismos multilaterais. Mesmo após a mudança de governo, a situação fiscal e monetária continua delicada, com impactos diretos sobre o consumo e os investimentos.
Para o mercado brasileiro, a situação argentina é relevante principalmente pelo impacto no comércio regional e na cadeia de proteínas animais. O déficit de rebanho na Argentina, assim como nos Estados Unidos e Europa, tem mantido a demanda forte por produtos brasileiros, especialmente carnes bovina e de frango, favorecendo exportadores do setor.
Principais movimentos
A semana 47 foi marcada por forte volatilidade no mercado de criptoativos, com continuidade da correção após meses de valorização expressiva. O Bitcoin recuou cerca de 10% durante a semana, oscilando na faixa de 85 a 86 mil dólares, em meio a liquidações de posições alavancadas e realização de lucros por parte de investidores de curto prazo.
Estudos de bancos internacionais apontam que a queda recente expôs fragilidades na estrutura de liquidez do mercado, com grandes ordens gerando movimentos bruscos nos preços. A falta de profundidade no book de ofertas em momentos de estresse é um risco que segue no radar de analistas.
Bitcoin, Ether e outros ativos
Apesar da correção, os ETFs de Bitcoin, Ether e Solana voltaram a registrar entradas relevantes de capital no fim da semana, sinalizando que investidores institucionais estão recompondo posições de forma seletiva. O Ether também apresentou volatilidade significativa, com grandes saídas nos dias anteriores e recuperação pontual ao final da semana.
Algumas altcoins específicas conseguiram registrar ganhos expressivos mesmo em ambiente de liquidez mais apertada, refletindo movimentos especulativos em nichos de mercado. O cenário geral, no entanto, permanece de cautela, com o mercado sensível a notícias regulatórias e movimentações em derivativos.
As principais atenções estarão voltadas para novos dados de inflação e atividade econômica nos Estados Unidos, que podem reforçar ou reduzir a probabilidade de cortes adicionais de juros pelo Federal Reserve. Uma inflação mais comportada tende a sustentar bolsas globais, metais preciosos e ativos de risco. Por outro lado, surpresas negativas podem trazer correções em ações e pressão sobre moedas emergentes.
Na Europa, o mercado aguarda sinalizações do Banco Central Europeu sobre a trajetória de política monetária, enquanto na Ásia o foco permanece na China e na eventual implementação de novos estímulos fiscais.
No Brasil, os investidores acompanharão de perto a divulgação de novos dados de inflação, como o IPCA-15, além de declarações de membros do Banco Central e qualquer avanço concreto em medidas fiscais. Esses fatores podem alterar significativamente as expectativas para a Selic e o comportamento do câmbio no curto prazo.
No universo de criptoativos, a tendência é de manutenção da volatilidade elevada. O mercado estará atento a fluxos em ETFs, liquidações no mercado de derivativos e notícias regulatórias, especialmente de órgãos dos Estados Unidos e Europa. O cenário base aponta para estabilização gradual após as quedas recentes, mas o risco de novos movimentos bruscos permanece elevado, exigindo cautela e gestão ativa de risco por parte dos investidores.