A semana 39 dos mercados foi marcada por um otimismo contínuo no Brasil, com a bolsa em alta e o dólar em baixa, contrastando com o dilema da economia americana, que cresceu acima do esperado, mas viu a inflação subir. No cenário interno, o tema da Previdência Social gerou grande debate, com alertas sobre a insustentabilidade do modelo atual.
Estados Unidos: A inflação ao consumidor subiu, ficando em linha com as projeções, mas ainda gerando preocupação. O PIB cresceu 3,8%, bem mais do que o esperado, e os gastos dos consumidores também aumentaram. Esse crescimento acima do esperado pode influenciar o Federal Reserve (Fed) a não reduzir a taxa de juros nas próximas reuniões, já que a economia aquecida tende a alimentar a inflação. O Fed acompanha de perto a inflação e o mercado de trabalho antes de tomar decisões sobre a política monetária.
Europa: A atividade empresarial na Zona do Euro atingiu a máxima em 16 meses. O PIB da Espanha cresceu 0,8%, superando as expectativas. Contudo, a França continua em uma crise política prolongada e enfrenta um caos interno, com o risco de crédito se elevando. A BYD triplicou as vendas de carros elétricos na Europa em agosto, impactando as fabricantes locais, como a Stellantis, que suspendeu a produção em algumas fábricas devido à queda na demanda.
Ásia: A China enfrenta desafios com a economia estável, mas com barreiras comerciais e o dilema do alto uso de robôs nas fábricas (mais de 2 milhões), que levanta a questão de onde a vasta população encontrará trabalho no futuro. A China também reduziu as compras de soja dos EUA, priorizando a Argentina, no contexto da guerra comercial.
Ouro e Petróleo: O ouro fechou em alta, saltando quase 3% na semana. Nos últimos cinco anos, o ativo acumula uma alta próxima a 99% em dólar, impulsionado pela incerteza geopolítica global e pelo medo em relação ao futuro do dólar. O petróleo subiu 5% na semana, chegando perto de US$ 70 o barril, também por questões geopolíticas.
Cenário Político-Econômico: A confiança do consumidor brasileiro atingiu o maior nível em anos, o que pode estar ligado à queda dos preços dos alimentos e a uma percepção de que o governo está "falando menos besteira". A prévia da inflação subiu 0,48%. O governo segue focado na próxima eleição e a arrecadação federal de impostos registrou a segunda maior da série histórica em agosto, mas o aumento do rombo fiscal e os elevados gastos públicos continuam sendo preocupações centrais.
Selic e Inflação: A prévia da inflação (IPCA) subiu, mas a queda nos preços dos alimentos e a deflação registrada em agosto ajudam a manter a temperatura baixa no debate da política monetária.
Bolsa de Valores (Ibovespa): O Ibovespa segue em alta, batendo recordes e chegando a 145.000 pontos. O índice é considerado "barato" em termos de preço/lucro, o que, combinado com o ingresso de capital externo, sugere potencial de alta, apesar da instabilidade política.
Câmbio e Dólar: O dólar caiu para R$ 5,33, atingindo o menor patamar em 15 meses, o que é visto como um cenário favorável tanto para a economia quanto para a dolarização de patrimônio por investidores.
Cenário Político-Econômico: O governo de Javier Milei restabeleceu impostos sobre exportações agrícolas, com exceção da carne, uma medida dúbia para a imagem do presidente. A atividade econômica encolheu 0,1%, marcando a quinta queda no ano. No entanto, o nível de pobreza caiu para 31,6% no primeiro semestre, o menor desde 2018, indicando que, apesar das dificuldades, as medidas de ajuste estão gerando algum impacto social positivo. O Banco Mundial e os EUA manifestaram apoio ao governo.
Notícias Relevantes: O Bitcoin recuou um pouco, sendo negociado perto de US$ 109.000, após uma alta impulsionada pela redução dos juros americanos. As altcoins também registraram queda. O mercado, no entanto, é visto como menos volátil do que no passado, devido à participação de grandes instituições.
A atenção do mercado estará voltada para os próximos dados de inflação e crescimento dos EUA, que determinarão se o Fed continuará o ciclo de cortes de juros. No Brasil, os investidores acompanharão o debate sobre a sustentabilidade da Previdência Social, que se tornou uma "bomba-relógio" fiscal. A estabilidade no câmbio e a força da bolsa devem continuar se o fluxo de capital externo for mantido, beneficiado pela incerteza em outros países emergentes. O foco político será nos desdobramentos sobre a corrida eleitoral de 2026.