Seja bem-vindo ao resumo semanal do mercado financeiro:
A Semana 22 de 2025 apresentou um cenário de ganhos para a bolsa brasileira, apesar da volatilidade e das preocupações fiscais e políticas. No cenário internacional, os EUA demonstraram resiliência em suas bolsas, enquanto Europa e China apresentaram desafios. O mercado de criptoativos teve um movimento lateral.
Estados Unidos: As bolsas de valores apresentaram um mês de maio muito positivo, sendo o melhor desde 1990, com ganhos expressivos. O S&P 500, Dow Jones e Nasdaq operaram em alta. A economia americana, no entanto, encolheu 0,2% no primeiro trimestre (segunda leitura). A inflação central (núcleo) em abril ficou em 2,5%, dentro do esperado. Um ponto de preocupação foi o mercado imobiliário, com o número de vendedores superando compradores em 34%, o maior índice desde 2013, indicando muitas casas à venda sem compradores suficientes, o que pode levar a uma queda nos preços dos imóveis. A questão das tarifas de Trump com a União Europeia foi adiada para 9 de julho. Decisões judiciais bloquearam tarifas e a Suprema Corte validou a retirada de vistos de imigrantes, o que também afeta a China e, indiretamente, o Brasil. Elon Musk anunciou sua saída do governo via X (Twitter), mas sem grande impacto imediato nas ações.
Europa: Os países europeus demonstraram dificuldade de crescimento, com PIB da França subindo 0,1%, Itália crescendo 0,3% e Portugal encolhendo 0,5%. Isso é atribuído ao excesso de burocracia e impostos. A inflação na Espanha atingiu o menor nível em 7 meses, e na França ficou abaixo das expectativas, sendo ótimas notícias para o controle inflacionário. No entanto, o desemprego na Alemanha aumentou mais do que o previsto e as vendas no varejo caíram, indicando desaceleração. O adiamento das tarifas de Trump para 9 de julho deu um fôlego às bolsas europeias, mas as tensões com a China persistem.
Ásia: A China enfrenta um aumento de imóveis desocupados, o que derruba os preços no setor imobiliário, que é crucial para o PIB. Houve preocupação com as medidas dos EUA de restringir vistos de estudantes chineses, levantando questões sobre espionagem e a relação comercial entre os dois países.
Cenário Político-Econômico: A agência de classificação de risco Moody's rebaixou a perspectiva da nota de crédito do Brasil devido à vulnerabilidade fiscal do país, um sinal negativo que pode dificultar o investimento de grandes fundos globais. O PIB teve um crescimento de 1,4%, impulsionado pelo agronegócio, mas com a preocupação de que esse crescimento seja à custa do aumento dos gastos do governo. A dívida bruta do governo disparou, e o gasto com juros da dívida atingiu R$ 928 bilhões em 12 meses. A confiança do consumidor recuou.
Selic e Inflação: A inflação em 12 meses subiu 0,36% no último mês, acumulando 5,40%, o que é considerado elevado dado que a taxa de juros (Selic) está próxima de 15%. A percepção é que o governo está injetando muito dinheiro na economia, o que mantém a inflação elevada e dificulta o controle pelo Banco Central. O aumento do IOF é visto por alguns analistas como equivalente a uma alta da Selic para 15%.
Bolsa de Valores (Ibovespa): O Ibovespa fechou a semana na faixa dos 137.000 pontos, representando uma alta significativa desde os 120.000 pontos em dezembro. Apesar de algumas quedas pontuais (como a de 0,40% em um dia, com recuo da Petrobras, e o Itaú caindo 1,16%, a semana foi vista como muito boa. Destaques positivos incluíram Suzano (+6,31%), Minerva (+4,90%), Gerdau (+3,47%), Metalúrgica Gerdau (+3,15%), Vale (+0,91%) e Petrobras (+0,03%).
Câmbio (Dólar/Real): O dólar subiu na semana, fechando em R$ 5,71, o que é um aumento em relação aos níveis anteriores e foi um ponto de preocupação para quem precisa enviar dinheiro ao exterior. O dólar também foi visto caindo para R$ 5,58, atingindo o menor nível em 8 meses, após negociações globais.
O mercado de criptomoedas apresentou uma lateralização, com o Bitcoin andando de lado, na faixa dos US$ 103 mil a US$ 105 mil. As altcoins também não mostraram grande animação. A principal notícia relevante da semana foi a proposta do Itaú de tributar apostas (bets) e criptomoedas como forma de compensar a perda com o IOF, gerando debate sobre a taxação de setores inovadores. No cenário internacional, um novo regime prudencial para empresas de criptoativos foi mencionado no Reino Unido, indicando uma evolução regulatória.
A perspectiva é de um mercado com foco crescente nas eleições de 2026, com a mídia e o cenário político dominando as atenções. Espera-se mais atenção a fake news e "cortinas de fumaça" para desviar o foco de problemas reais, como a questão do INSS. O governo deve continuar com medidas apelativas, e o risco fiscal permanece elevado. O dólar provavelmente manterá uma alta volatilidade devido à incerteza. A desaprovação do governo federal e o aumento da insatisfação com a carga tributária, especialmente o IOF, são pontos de alerta. A queda na popularidade do governo, combinada com a percepção de falta de controle fiscal, deve continuar influenciando o mercado. Caso candidatos de oposição ganhem força nas pesquisas, a bolsa brasileira pode reagir positivamente, precificando uma mudança de cenário.